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(Atualização de Escrita)

Como um Super Poder

Naquele dia, passei pela primeira vez pelos portões da UERJ, com minha mãe me acompanhando. Estava prestes a fazer o concurso para o ensino médio no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca. Guardava comigo um segredo que nem ela sabia.

Diante do prédio imponente, descobri ali, na minha espera, que tinha um super poder.

Enquanto a multidão de jovens aguardava, funcionários e organizadores olhavam, lá do alto, para nós. Olhavam para mim — eu sentia isso e olhava de volta para eles, cheio de vontade de acenar, como quem diz: sou eu, fui eu o garoto que esteve indo lá durante todos esses últimos meses. Fui eu quem veio aqui pedir essa vaga, e vou tomar ela para mim.

Muitos estudantes dedicam o ensino médio a adquirir conhecimento e ser aprovado em uma universidade; alguns acabam desistindo ao não conseguir. Por outro lado, eu sempre fiz o Enem por esporte, pra “ver como é”. Até que um dia decidi levar adiante e seguir os próximos passos. Desde o final de 2018 até a prova em 2019, refiz desde a primeira até completar todas as edições anteriores do Enem. Passava por um tratamento com medicamentos.

Não há nada como sentar diante de uma prova e saber que você nasceu para acabar com ela. Lembrar como foi sua rotina diária. Da escola pro curso, do curso pra escola. Ambas aquelas provas não tinham a menor chance contra mim, e as pessoas que me orientaram a chegar ali; agradeço aos meus pais e professores.

Quando você passa por tal processo, não sobra espaço para dúvidas. Isso é algo que quem já sentiu sabe do que estou falando.

Você sabe que as pessoas naquela multidão, se apertando umas às outras, apressadas para entrarem e encontrarem suas salas de provas, tem tanto potencial quanto você. Algumas delas vão fazer questão de demonstrar essa capacidade e contar para quem quer (ou não) ouvir, sobre tudo que estudaram e como estão preparadas, como se pudessem te intimidar. Minha oclumência, ramo obscuro da magia, e inflexibilidade diante das provocações, foram as respostas que esbocei.

Em 2019, não foi diferente daquela minha primeira vez dentro da UERJ. — Não há nada como confidenciar para si um mérito que só você sabe que tem. Algo que você se dedicou a fazer e, por consequência, terá frutos a colher.

Acreditem naquilo que dizem, sobre não poderem tirar o conhecimento de você. Em março de 2020, tive cinco dias de aula na UFRJ. O CT é enorme e tem muito o que se ver. Procurar o melhor ponto de wi-fi nos corredores do Instituto de Física foi uma tarefa divertida. Aquele foi o último lugar que frequentei antes do confinamento. Foram dias incríveis passando de BRT pelo parque Shanghai, todo iluminado, assim como a Igreja da Penha.



Comentários:

    Será que eu sou o único que acha que o pessoal dos foguetes está tentando sair do planeta da maneira errada?


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