Crítica: Comando Superior II – A Ascensão de Drak Nazar Após me debruçar sobre Comando Superior II, Geann Áleaix Bitencourt continua a expor as complexas redes de poder e manipulação que marcam essa série, mas a obra peca por sua abundância de detalhes e subtramas que acabam sobrecarregando a narrativa central. Ao contrário do primeiro volume, que teve uma construção mais direta, este segundo volume se perde, muitas vezes, em questões menores e complicadas que não contribuem substancialmente para o avanço do enredo principal. O maior ponto de destaque de Comando Superior II é, sem dúvida, o universo intergaláctico e a intriga política que ele apresenta. O conflito entre as agências de inteligência globais e a ameaça iminente de Drak Nazar conferem à história uma atmosfera de urgência. A complexidade das relações entre as potências expande o cenário global e torna os dilemas mais palpáveis. Além disso, a presença de Teresa e a maneira como ela manipula os outros personagens continuam a ser uma das forças da narrativa. Sua luta pelo controle, especialmente no que diz respeito ao poder que ela exerce sobre Lino e sua lealdade à Ordem, mantém o leitor envolvido, mas também revela as limitações do seu caráter, que são pouco exploradas em termos emocionais. Contudo, a abundância de informações técnicas e referências a eventos passados acaba prejudicando o ritmo da história. A série, que começou com um foco maior nos mistérios envolvendo o cetro Dimfloat e as potências intergalácticas, agora se perde em detalhes sobre a manipulação mental e as movimentações clandestinas da CIA. Embora esses elementos contribuam para a complexidade do universo, a insistência em desenvolvê-los de maneira detalhada acaba tornando a leitura densa e, por vezes, confusa. O excesso de subtramas, como as tensões dentro da CIA e os conflitos com a ABIN, não só criam uma sensação de dispersão, mas também falham em entregar uma verdadeira profundidade a esses personagens. O foco nas operações secretas e no passado de personagens como Bernardo Théslert, por exemplo, serve mais para criar uma sensação de enredo excessivamente entrelaçado, do que efetivamente acrescentar algo substancial à trama principal. O vilão central, Drak Nazar, continua sendo uma figura de grande potencial, mas sua evolução no segundo volume deixa a desejar. Embora o autor nos apresente sua ascensão, ele ainda se mantém uma sombra distante, sem a exploração necessária de suas intenções e motivações. Seu papel como uma ameaça intergaláctica poderia ser mais bem desenvolvido, mas permanece limitado a algumas ações pontuais que não conseguem criar o impacto que a história exige. A abordagem de Bitencourt sobre Nazar, embora ambiciosa, não consegue trazer a gravidade de um vilão capaz de desafiar os heróis de forma significativa. Ele é, no final das contas, mais uma ameaça latente do que uma presença realmente cativante. O desenvolvimento de Lino também não acompanha o ritmo esperado. Embora ele se posicione como uma peça chave no conflito, o personagem ainda é mais uma figura reativa do que um protagonista ativo. A escolha de apresentá-lo como alguém sendo manipulado por Teresa e outros elementos da trama diminui sua importância na narrativa. Embora a relação entre Teresa e Lino seja interessante e cheia de potencial, a falta de um desenvolvimento mais profundo da lealdade e dos dilemas internos de Lino impede que ele se torne o herói esperado. Ele continua sendo uma peça central, mas sem a agência necessária para se destacar de verdade na história. Apesar de suas falhas, Comando Superior II entrega sequências de ação eletrizantes que mantêm o leitor imerso na trama. Momentos como a perseguição de Lino, em alta velocidade, pelos desfiladeiros da Serra, com dois carros da polícia rodoviária federal colados em sua traseira, e os ataques envolvendo controle mental, garantem o ritmo intenso e cinematográfico. Cada cena é construída com tal tensão que proporciona uma pausa necessária à complexidade política e técnica do livro, elevando a adrenalina de forma quase palpável. Além disso, A Ascensão de Drak Nazar leva a Supremacia Messiânica do terceiro ato a um clímax arrebatador, com sua presença crescente e divina criando uma aura de supremacia incontrolável. Desenvolvido como uma figura de poder absoluto, Nazar adquire um tom messiânico que confere peso e gravidade únicos à história, deixando claro o potencial para grandes reviravoltas. Embora o excesso de subtramas e a falta de coesão ainda sejam desafios, a energia da ação e a ascensão de Nazar tornam Comando Superior II uma obra que, apesar das falhas, apresenta um enredo que vale a pena acompanhar, com promessas de momentos ainda mais intensos pela frente. Até lá, o risco de Comando Superior se tornar o George Lucas brasileiro da ficção científica segue no horizonte. Nota: 3,5/5 Uma sequência promissora, mas que sofre com a excessiva complexidade e falta de foco no desenvolvimento dos personagens principais. @geannaleaixbitencourt