Nossos professores fazem um trabalho incrível de solidificar alguns conceitos essenciais para a nossa interpretação do mundo em que vivemos.

Lamentavelmente, terei que vir aqui, neste sábado de manhã, embaralhar tudo que foi dito e costumam dizer sobre a relação de nós, seres humanos e tecnológicos, e como interagimos com o tempo.

Parece evidente que você não pode encontrar um prato de macarrão na pia após ter se certificado que lavou toda a louça disponível em casa. Você não poderia constatar, em estado de sanidade, que aquele macarrão foi posto no exato prato que você depositara no secador de pratos há 0,4 segundo.

Essa quebra com a lógica da nossa realidade parece algo, diria eu, indizível em qualquer lugar do planeta.

Todavia, mesmo estando dotado de sanidade, esses lapsos, que são indícios de algum tipo de doença ou convívio secreto com um mundo sobrenatural, se tornam, cada vez mais, questões que consigo aceitar na minha realidade.

Não vejo como um problema que o gato, estando na caixa fechada, esteja, isto é, literalmente, vivo e morto, ao mesmo tempo.

Entendo como uma interpretação fiel que descreve a realidade, que deve ser considerada como verdadeira para quem compactua com esse nível de abstração, ou fé no desconhecido.

Toda essa minha articulação é para chegar nesse trecho em que surgem duas teorias.

A primeira e mais conspiratória, seria onde os dados de mensagens, principalmente e-mails, mas não se restringindo a mensagens de texto, estariam livres para transitar no tempo. Essas mensagens poderiam ser recebidas pelo futuro e recebidas, do futuro, no nosso presente.

A segunda seria onde, devido a nossa organicidade, nossas próprias memórias, naturalmente fluem de nós para outros lugares. Aquelas mais intensas poderiam ter sido geradas por acontecimentos intensos, sendo estas recebidas do futuro. Falo em visões, não em previsões. Se você está pensando em acertar o número da mega sena, digo que é exatamente o oposto disso.

Por ter acertado, no futuro, e ficado demasiadamente feliz, as reações do seu eu do passado interagiram com essas reações químicas do momento, onde você olha o papel na sua mão e vê que os números são iguais aos anunciados.

Há diversos motivos que levariam qualquer pessoa a não transformar em texto isso que trago aqui. Para alguns, a formação acadêmica ou vínculos de trabalho seriam um impeditivo contratual. Não ter uma graduação ou nível superior, me permite adotar essa posição assumidamente de uma pessoa comum que experimenta e registra as sensações.

Talvez esse seja o texto que eu tenha pensado em nunca publicar. Até porque, não pensei que um dia teria inspiração que me permitisse escrevê-lo.

Rio de Janeiro,
Janeiro de 2025

@geannaleaixbitencourt