[•] Correio Terráqueo [•] (Crônica) Há quase um ano sei que a diferença entre uma inteligência artificial e a inteligência de uma pessoa, é a vontade. IA’s não tem vontade, ainda. Curioso com essa reflexão, constatei para mim mesmo e cheguei a comentar com próximos. Todo robô pode fazer uma tarefa que o humano faz. Os programas que eu programo podem ser programados por um robô. (sic) Quando volto parte da minha atenção para a vontade, fico feliz, porque percebi que era algo que eu tinha e vinha exercendo em abundância. Foi nesse momento que tudo se esclareceu. Quando falam em uma graduação, ou trabalho, falam em fazer o que gosta, o que se tem vontade. Fazer o que gosta é essencialmente diferente de fazer o que tem Vontade, com V maiúsculo. Will, vontade, do inglês, tem um significado próprio nessa língua. Essa percepção de vontade não me ocorria na língua portuguesa. Tudo que narro é fruto de pensamentos. Mas ora, vejam só: Penso, logo existo. Veja bem: Penso, logo existo… Há algo errado aí. Pensar, todos pensam. Pensam a todo momento. Não foi nesse pensar que finalmente encontrei o sentido da frase, que antes via como boba. Pensar é o que você faz quando está em busca de realizar sua vontade. Pensar é planejar, não é só imaginar. É pensar sobre o que está ao seu alcance e pode ser realizado. Pensar sobre os seus desejos e planos. É óbvio! O significado de existir também não é o mesmo existir de uma pedra. Que tolice a minha… Imaginar que haja um homem vivendo em uma caverna em Marte, em um lugar que nossas sondas não conseguem filmar, é supor que ele exista. Vejamos pelo lado do homem: Ele está lá, ele sobrevive, se alimenta. Rabisca as paredes da caverna? Como poderia este homem, provar que existe? Ele não precisa provar. Mas, analisando o significado da palavra existir, suponho não ser desse existir que a frase célebre se refere. Existir é diferente de existir em uma caverna. Em uma caverna há eco e voz. Não há respostas nem perguntas. Existir é se fazer presente, participar, ser visto. Pesquisando, encontrei a seguinte referência à frase: “I doubt, therefore I am.” Duvido, portanto, estou. Percebo o “estou” como um passo seguinte para a tradução “Duvido, logo existo”. Duvido, portanto, sou. Por esse prisma, soaria mesquinho. Percebo que diariamente eu duvido, portanto, anuncio que estou. Rio de Janeiro, Maio de 2024 @geannaleaixbitencourt